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A cura milagrosa

  • Foto do escritor: caminhodosanjos
    caminhodosanjos
  • 4 de mar. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 11 de mar. de 2023

Há dias em que acordas e tudo parece virado do avesso.


Como se aquela nuvenzinha escura teimasse em pairar por cima da tua cabeça, toldando pensamentos e visão, de tal forma que tudo parece estar mal, errado, fora do lugar, de pernas para o ar. E, por mais que tentes, não consegues encontrar a forma de voltar a "arrumar" todas essas coisas no lugar que julgas devido.


Neste estado de alma, não te apetece sorrir nem falar com ninguém. Não te apetece fazer nada. Simplesmente encontrar refúgio num qualquer canto silencioso, à espera que o dia passe, na esperança - ilusória - de que um novo dia coloque um sol no lugar daquela nuvem sombria.


Vou contar-te um segredo: ficares à espera que, por artes mágicas, um novo dia te traga melhor humor, mais alegria, soluções mágicas, mais e melhor energia não vai resultar. TU és responsável pela tu energia. Tu és responsável por encontrar o estado de humor, a alegria, a energia e as soluções por que tanto almejas, TU, E APENAS TU, ÉS RESPONSÁVEL POR TI!

"Então, mas, e agora? O que é que eu faço? Está tudo mal, posso fazer o quê?" - dirás tu a pensar que estes três parágrafos serviram para te desanimar ainda mais, em vez de te ajudar. Calma! Não mudes ainda de página e continua a ler.


Pois bem, se ficares fechado em casa ou num refúgio qualquer à espera de um milagre não vai resultar, então vais ter que fazer qualquer coisa para te animar. "Mas simplesmente não me apetece, não tenho vontade de fazer nada! Só quero ficar aqui num canto!" - dirás tu, ao que eu te responderei " Quanto menos vontade tiveres, maior a importância de não ficares aí e fazeres "alguma coisa.". "Alguma coisa? Mas o quê?", questionas. "Qualquer coisa que saibas de que vais gostar depois de começar a fazer, ainda que não te apeteça muito agora. Pode mesmo ser qualquer coisa, ver um filme, ler um livro, dar um passeio, cantar, dançar,... Tu é que sabes." - retorquirei, ao que tu devolves "Claro, eu começo aqui a cantar como se tivesse enlouquecido e as coisas vão resolver-se todas! Claro que sim!" - Nesta altura fazes aquela expressão como se estivesses a falar com alguém que tivesse passado para o lado de lá da fronteira da loucura. Eu finjo que não percebo e continuo: "Não, se gostas de cantar e começares a cantar, as "coisas" não se vão resolver. Mas não vai ficar tudo igual. Sabes porquê? Porque TU vais sentir-te melhor. Mais alegre, com mais energia. E isso - o teu "estado de espírito mais positivo", se lhe quiseres chamar assim - é que vai fazer a diferença: vais olhar para essas "coisas" de outra forma, quem sabe menos "cinzenta"; vais ter mais energia para fazeres o que é preciso; vais ser capaz de gerar soluções; vais atrair para ti as pessoas, as situações ou os recursos que te poderão ajudar a resolver o que tem que ser resolvido." Ficas em silêncio, com uma expressão que denuncia que ainda não te convenci, mas que também deixa perceber que não saberias o que fazer mesmo que tivesse.


É verdade que essa nuvem por cima da cabeça deixa as ideias confusas. Noutra altura seria fácil para ti saber o que fazer, mas agora,... não vês nada. Por isso vou dar-te uma ajudinha e deixar-te uma sugestão. Na verdade eu chamar-lhe-ia mais do que uma sugestão, chamar-lhe-ia, isso sim, uma cura miraculosa! Não acreditas? Atreve-te a experimentar.


O primeiro passo é vestires-te. Deixo-te escolher a indumentária. Desde a primeira roupa que te apareça, até à tua preferida, qualquer coisa serve. Mas recomendo calçado confortável. Depois, certifica-te que não levas o telemóvel contigo. Não vais precisar de música, de vídeos, de comentários e likes e, mais importante, não precisas que as situações que tens para resolver venham ter contigo. Em seguida, sais à rua e procuras um espaço verde. O ideal seria uma floresta ou mata, mas nem sempre temos algo do género por perto, por isso pode ser um jardim, um parque, enfim, um espaço verde em que te sintas no meio da natureza. Quando lá chegares, caminha. Só isso. Caminha. Se fores depressa demais não usufruis. Já que foste até aí, por que não aproveitar? Vai a um ritmo que te for confortável, mas sem pressa.


Continuas a andar e, passado um pouco, apercebes-te que, por entre o turbilhão de pensamentos que te bailam na cabeça, algo te chama a atenção. É o som de um pássaro. Ficas à escuta e ouve-lo novamente e, logo de seguida um outro pássaro, mais distante, chilreia também, como se respondesse ao primeiro. Abrandas a caminhada e ficas por ali um pouco, a ouvir esta música à qual há tanto tempo não prestas atenção. Enquanto o fazes, poisas os olhos na árvore em que julgas ter visto o pássaro que canta. Observa-la e notas a variedade de cores e tonalidades que encontras, no tronco, nas folhas, nos rebentos, nas flores, nos frutos,... Já alguma vez tinhas reparado na quantidade de cores e de diferentes tons que podes encontrar numa só árvore, ainda que nas suas parcas vestes invernais? Continuas as caminhar, e o teu olhar vai deslizando pelo tronco abaixo, e pára nas ervas, na relva, nas ervas, nas flores, nos arbustos. Inspiras o ar fresco e os aromas que por ali se fazem sentir. Quantos cheiros diferentes consegues identificar? E, de repente, vês passar uma borboleta e deténs-te a seguir o seu voo. Não é maravilhosa? Era tão bom ter asas e flutuar assim... Nisto, tropeças. Olhas para o chão debaixo de ti, e percebes que tropeçaste numa raiz que emerge do chão. Demoras-te um pouco mais a observá-la e a terra em seu redor e, sem saber bem porquê, agachas-te e tocas o chão. Primeiro com dois dedos e depois com as duas mãos, como se de repente tivesses voltado a ser criança e quisesses explorar todas aquelas texturas. Não te demoras muito - o que diria alguém que por ali passasse e te visse naquelas figuras? Levantas-te, sacodes as mãos e não resistes à tentação de continuar a explorar aquele espaço usando as mãos, desta feita acariciando o tronco de uma árvore, uma pedra macia, as folhas de uma planta,... Um pensamento irrompe na tua mente como um relâmpago: há já um bocado que não pensas em nenhuma das dificuldades que antes te haviam tirado a vontade de fazer o que quer que fosse. Provavelmente não passaram mais do que uns cinco minutos, mas de todo o modo isso não interessa. O que importa é não pensar por mais um bocadinho. E continuas a tua caminhada. Aos poucos notas um inesperado movimento nos músculos da face, que faz erguer ligeiramente os cantos da tua boca. Será isso um sorriso que estou a ver?


Chega a hora de regressar. Ainda há pouco isso parecia impossível, mas agora sentes a testa mais relaxada, o corpo mais ágil, a respiração mais tranquila, os pensamentos mais calmos e aquela nuvem cinzenta... olha, a nuvem já lá não está! Sentes-te mais leve. Parece realmente um milagre!!!


E é mesmo! Gratuita e sempre acessível, é o tratamento ideal para as tais nuvens cinzentas, por que te permite um reconectar com os teus sentidos, um retornar ao aqui e agora, promovendo a tua energização e enraizamento.


"Mas ainda há pouco disseste que só eu é que sou responsável por mim, e agora estás a falar de uma cura milagrosa?!? Estás a contradizer-te!" - dizes tu, sempre perspicaz, ao que te respondo com um sorriso "A Natureza está sempre lá, mas foi a tua vontade de tratares de ti que colocou os seus poderes curativos à tua disposição."


A CURA ESTÁ EM TI! A CURA ÉS TU!!!


P.s.: Repete este exercício amanhã. Amanhã podes experimentá-lo na praia.







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