SILÊNCIO - Desafio #2
- caminhodosanjos
- 25 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
"Se não tivermos o cuidado de os salvaguardar, os espaços que criamos desaparecem assim que os criamos. Uma das grandes ameaças aos momentos de silêncio são os écrans. Quando nos apercebemos de que temos um momento livre, é muito fácil olhar para um écran e rapidamente preencher esse espaço.
Hoje em dia, assim que entramos num espaço público (...) é incrível vermos a quantidade de pessoas de telemóvel na mão. Muitas usam os seus telefones como relógios, o que significa que consultá-los se torna habitual - um tique, até. O problema é que, além de vermos as horas, também vemos tudo o resto.
(...) parece que hoje há uma espécie de desconforto relativamente a estar-se sozinho e sem nada que fazer. É raro vermos pessoas verdadeiramente sozinhas. Parece que temos de estar sempre a fazer alguma coisa - e, de preferência, em contacto com alguém.
(...)
O que há de tão assustador em estarmos desocupados? Preocupa-nos o tédio - e tem-nos sido dito de muitas maneiras que o tédio é algo intolerável. Mas o que é o tédio ao certo? Talvez ele seja uma mera resistência a sentirmos o que é sermos nós mesmos. Ou seja, há uma espécie de conflito dentro de nós: por um lado, temos receio de nos aborrecermos se não tivermos nada para fazer; por outro lado, ansiamos por um alívio dos estímulos e das exigências constantes da sociedade."
In "Arte do Silêncio", Amber Hatch
Parece que cada vez mais os telemóveis se tronaram uma extensão dos nossos braços, e os écrans uma parte integrante do nosso campo de visão. Seremos ainda capazes de viver privados e privadas destes "apêndices"?
O desafio que te proponho, aproveitando o fim de semana que se avizinha é precisamente esse: deixar o telemóvel de lado. Por dois dias, dá-lhe (e dá-te!) folga. Usa um relógio, para não teres a desculpa de que precisas do telefone para ver as horas. Deixa-o num local menos acessível e desliga as notificações, para evitares as constantes tentações. Faz o compromisso contigo mesmo ou contigo mesma de que o usarás apenas em situações de urgência. Caso contrário, age como se ele não existisse.
Criado este espaço, observa-te: para onde vai a tua mente quando não está ocupada? O que vês e ouves em teu redor, ou dentro de ti, no "lugar" antes ocupado pelas redes sociais, pelos jogos, pelos filmes? Como te sentes nesse novo silêncio criado por ti? Sentes liberdade e tranquilidade nesse silêncio? Ou uma sensação de vazio que não sabes como preencher?
Atreve-te!!! Sugiro que escrevas as tuas sensações e descobertas ao longo do processo e, claro, que as partilhes, se assim o sentires.
Desejo-te boas aventuras!

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